quarta-feira, 30 de abril de 2014

Literatura Ocidental - Parte 84.


HISTÓRIA DA LITERATURA MUNDIAL
LITERATURA OCIDENTAL – PARTE 84
LITERATURA ESPANHOLA - I
 
Na formação da Espanha há uma multiplicidade de contribuições diversas e aspectos antagônicos: culturas imensamente heterogêneas aí se instalaram, incorporando traços dos povos anteriores e marcando a evolução posterior com caracteres particulares que a tornam um conjunto cultural altamente distinto dentro de um domínio europeu comum. Aos celtas e iberos iniciais, superpuseram-se colonizadores fenícios, gregos, romanos bárbaros e árabes. Também fatores religiosas concorreram para a diversidade da formação espanhola dando origem a um lento processo de desenvolvimento histórico de homogeneização dos sistemas em constante luta e ação de influências mútuas: o judaísmo, o cristianismo e o islamismo. A dominação moura apresentou em terras espanholas, inclusive, um período de apogeu cultural com a escola de tradutores de Toledo, dedicada ao estudo das grandes obras da antiguidade clássica, especialmente, dos autores gregos. Foi na Espanha moura que viveu Averrois (Ibn-Roschd-princípios do século XII-1198), famoso comentador árabe de Aristóteles.
Averrois
A unidade político-cultural espanhola foi obtida como resultado direto do esforço comum para reconquista do território, o que ocorreu definitivamente em 1492 com a tomada de Grenada aos mouros.

A literatura em romance é iniciada já nos séculos IX e X mas data do século XII a composição do famoso “Cantar de mio Cid”, que combina a violência de crônica à elevação épica ao narrar as seculares lutas de príncipes e povos frequentemente entre si, porém aliados valorosos na luta contra o inimigo maior. No “Cantar de mio Cid” estão literalmente transcritos todos os elementos fundamentais da cultura e civilização espânicas: a exacerbação do individualismo dos fatores passionais, bem como o firme estabelecimento do conceito de honra. No século seguinte, grande impulso é dado ao desenvolvimento literário através da ação do rei Afonso X, o Sábio. Além de pessoalmente contribuir com a autoria de poemas à Virgem, proporciona condições excepcionais para os estudos culturais. Em sua época é redigida a “Crônica Geral”, primeiro ensaio de história nacional ; ocorre a retomada das epopeias em prosa e sua conversão em novelas de cavalaria; é iniciada a literatura jurídica.

Simultaneamente, a cultura é estimulada a encontrar o povo através da divulgação das canções de gesta pelos jograis e a criatividade popular retoma-lhes os temas, reelaborando-os sucessivamente até a formação das novelas de cavalaria. O “Romancero Espanhol” reúne estes poemas resultantes das interações entre artistas das diferentes camadas sociais. 
 
Fonte: “Os Forjadores do Mundo Moderno”, Editora Fulgor, edição 1968, volume 7. 
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quarta-feira, 23 de abril de 2014

Literatura Ocidental -- Parte 83.


HISTÓRIA DA LITERATURA MUNDIAL
LITERATURA OCIDENTAL – PARTE 83
LITERATURA DOS PAÍSES BAIXOS – II

No século seguinte, três escritores merecem destaque: Pieter Cornelis Hooft (1581-1647), Joost van den Vondel (1587-1678) e Gerbrand Adriaens Brederoo (1585-1618). Hooft foi escritor petrarquesco e senequiano e, além de “Granida”, “Warenar” – comédia à Plauto – e “História dos Países Baixos”, escreveu a obra-prima intitulada “Baeto”. Hooft apresenta muito da retórica renascentista de seu país. Vondel é autor de imensa obra, mas, sobretudo de vinte e três tragédias, nas quais necessariamente destaca-se a riqueza lírica. Joost van den Vondel é escritor em holandês e também o primeiro autor de tragédias em seu país. De sua dramaturgia citam-se: “Jephta”, “Joseph”, “Adam in Ballingschap” e “Lucifer”. Brederoo é o autor de uma excelente comédia: “De Spaansche Brabander”, notável pela capacidade de observação dos meios populares de Amsterdã. Vondel foi o primeiro autor trágico holandês; Brederoo, o primeiro autor de comédias.

O século XVIII nos Países Baixos apresenta outros três nomes literariamente importantes: A. Christiaan Staring (1767-1840), Willem Bilderdijk (1756-1831) e Elizabeth Wolff (1738-1804). Staring escreveu “Dichtoefening” e “Gedichten”, notáveis pela naturalidade de estilo e realismo poético; Willem Bilderdijk é o poeta e Wolff a romancista que anunciam o romantismo na leitura dos Países Baixos. Deve-se a Elizabeth Wolff a autoria do primeiro romance holandês moderno: “Sara Busgerhart”.

  Hendrik Conscience
O século XIX apresenta os “tachtigers”: Kloos (1859-1938); Hildebrand (Nicolas Beets-1814-1903) Edward Douwes Dekker (1820-1887), autor de “Max Havelaar”; Karel Ledeganck (1805-1847, autor de “Drie Zustersteden”; Hendrik Conscience (1812-1883), autor de “Se Leeuw van Vlaanderen” e grande criador de mitos nos quais o povo flamengo se reconheceria; Guido Gezelle (1830-1899), poeta hábil na exploração estilística das expressões dialetais.

Na literatura mais recente da Bélgica e da Holanda, encontramos : Emants (1863-1923), iniciador do romance naturalista nos Países Baixos; Jacques Perk (1859-1881), continuador da escola literária de Willem Kloos; Virginie Loveling (1836-1923), romancista que combina o realismo a um certo romantismo; Frederick van Eeden (1860-1932), autor do romance “Kleine Johannes”, universalmente conhecido; e um dos maiores ensaístas mundiais – Johan Huizinga (1872-1945), autor de “Outono da Idade Média” (Herfsttij der Middeleeuwen”).

Fonte: “Os Forjadores do Mundo Moderno”, Editora Fulgor, edição 1968, volume 7.

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quarta-feira, 16 de abril de 2014

Literatura Ocidental -- Parte 82.

   
HISTÓRIA DA LITERATURA MUNDIAL
LITERATURA OCIDENTAL – PARTE 82
LITERATURA DOS PAÍSES BAIXOS – I

Cedo tornaram-se os Países Baixos sede de importantes atividades sócio-econômicas que, mais tarde, lhes proporcionaria significativa posição de liderança na evolução social. O pioneirismo holandês pode ser atestado no desenvolvimento de centros urbanos de poderosa economia e de irradiação artístico-cultural: no sul, Flandres é o ponto central com expressão literária nos séculos XI e XII, no norte o centro de intensidade sócio-econômica é estabelecido em Bruges e em Gand no século XIII.
 
A unificação do desenvolvimento cultural pelo estabelecimento de relações vivas entre os diversos centros dos países, seja em formas internas, seja em formas externas, é prejudicada pelas diversidades dialetais, por separações religiosas, por desníveis sociais-significativos e pela instabilidade política – fatores que estarão presentes nos séculos posteriores.

  Desidério Erasmo de Rotterdam  
Como primeiros documentos importantes da literatura dos Países Baixos podem ser apontados: a sátira popularmente determinada contra o feudalismo, cujo título é “Reinaert de Vos” e que, tradicionalmente, é atribuída a Willem; a produção místico-lírica de Hadewijch; o “Tratado da Contemplação” e “Cântico” – escritos por Jan van Ruusbroeck (1293-1381), de inspiração helênico-cristã e de conteúdo místico; finalmente, antes de iniciar-se a idade renascentista, a peça teatral “Elekerlijk” de Pierre Doorland. 
 
O Renascentismo apresenta apenas um nome importante nos Países Baixos: o humanista holandês Desidério Erasmo de Rotterdam (1467-1536), autor da famosa obra “Encomium Moriae” (o Elogio da Loucura). Além desta obra-prima, Erasmo escreveu outros livros, todos em latim: “Enchiridion Militis Christiani”, um tratado de teologia: “Adálgio”; “Colloquios”; e “De-Duplici Copia Verborum et Rerum”. Deve-se a Erasmo a direção da edição basilense da Bíblia, bem como da edição dos clássicos latinos e gregos. Como humanista cristão foi tolerante e moderado, pregando o término da cisão religiosa com uma igreja terceira voltada à pureza das origens evangélicas e não escolásticas. Este notável estilista foi bem um homem renascentista caracterizado pela lucidez. Sua influência estendeu-se vigorosamente a todo o domínio cultural do Ocidente. Em seu país o Renascimento não apresenta qualquer outro nome importante, pois, a literatura dos Países Baixos nesta época está reduzida às atividades de uma elite retórica.
 
Fonte: “Os Forjadores do Mundo Moderno”, Editora Fulgor, edição 1968, volume 7. 

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quarta-feira, 9 de abril de 2014

Literatura Ocidental -- Parte 81.

HISTÓRIA DA LITERATURA MUNDIAL
LITERATURA OCIDENTAL – PARTE 81
LITERATURA FINLANDESA

Assinala-se, inicialmente, na literatura finlandesa, a ótima compilação de sagas nórdicas realizada por Loenrot. Pertence tal empreendimento cultural ao movimento de retorno às tradições e encontra, como nos demais países integrantes do domínio finlandês, um rico manancial de criatividade de mitos. 

  Toivo Pekkanen
Se o movimento de volta à tradição sócio-cultural inaugura o representativo literário finlandês, o século XIX reforçá-lo-á pela atividade militante que encontra a realidade presente, seja no cotidiano, como o faz Juhanni Aho (1861-1921), seja nos temas feministas ou pequeno-burgueses, como o faz Minna Canth (1844-1921), seja, ainda, na combinação artístico-literária do passado mitológico ao realismo, como ocorre em “O canto da Flor Rubra” ou em “A Fazendeira de Heikkila” de Johannes Linnankoski (1869-1913), seja, finalmente, na rebeldia agressiva de Franz Emil Sillanpaa (1888) em “Santa Miséria” ou em “O Caminho do Homem”. Mais recentes são os escritores Toivo Pekkanen, autor de “As Margens da Minha Finlândia”, e Vaino Linna, que escreveu “Soldados Desconhecidos”. Pekkanen e Linna representam o sadio impulso humano de enriquecer-se na inspiração popular elevando-a a níveis artísticos.

Fonte: “Os Forjadores do Mundo Moderno”, Editora Fulgor, edição 1968, volume 7. 

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quarta-feira, 2 de abril de 2014

Literatura Ocidental -- Parte 80.

 

HISTÓRIA DA LITERATURA MUNDIAL
LITERATURA OCIDENTAL – PARTE 80
LITERATURA DINAMARQUESA

O primeiro monumento da literatura dinamarquesa é a tradução realizada por Christiern Pedersen (1480-1554), padre. A seguir, assinala-se também no país central da União de Kalmar a ação repressora da expressão literária que o luteranismo inicial, em sua austeridade, rigidez e puritanismo, instala nos países em que se afirma como religião dominante.

A primeira geração literária do século XIX iniciará o processo de maturidade artística, principalmente através de seus representantes: Christian Winther (1796-1876), importante em seus poemas de temática amorosa ou de dimensão épica, como o atestam respectivamente “Til Een” e “Hjortens Flugt”; Poul Martin Moeller (1794-1838), notável pela naturalidade de seu estilo; e, completando, Carsten Hauch (1790-1872), escritor humanista que se dedicou à poesia lírica.
Hans-Christian Andersen
A primeira obra dinamarquesa a obter reconhecimento universal é a que devemos a Hans-Christian Andersen (1805-1875), notável contista. Há em seus contos, por detrás da aparente ingenuidade, um poderoso complexo de aspectos imaginativos, humorísticos, melancólicos e irônicos – resolvidos numa síntese que se eleva à verdade poética. De sua produção literária citam-se: “O menino moribundo”, “Fantasias e esboços”, “Álbum sem desenhos”, “O improvisador” etc. Andersen dedicou-se, ainda, à poesia e seus poemas destacam-se igualmente como dos melhores existentes no domínio nórdico.
 
Contemporaneamente a Andersen, a Dinamarca oferece ao mundo o escritor-filósofo Soeren Kierkegaard (1813-1855), que seria, ao lado de Marx, uma das maiores determinantes do pensamento filosófico-cultural do século XX. Kierkegaard desenvolve suas coordenadas filosóficas por oposição ao hegelianismo – súmula perfeita do idealismo racionalista – ao afirmar o existencial de preferências ao racional, a ruptura à continuidade, a angústia à tranquilidade, o abismo entre o ser e o pensar à sua identificação, a existência concreta à abstração, a conjuntura subjetiva aos fins objetivos independentes, o desconexo ao espírito sistematizador etc. A influência do seu pensamento é reforçada em nosso século através do filósofo Martin Heidegger.
 
Como modernos escritores dinamarqueses devem ser citados: Blicher, autor de “Novelas Jutlandesas”; Martin A. Hansen, autor de “Viagem de Jonathan”; Johannes V. Jensen, o mais representativo deles; Schandorph, autor de “Gente pequena”; e, Henrik Potoppidan, além do crítico George Brandes, autor de famosa “Correntes Principais da Literatura do Século XIX”. Hansen destaca-se pelas descrições e análises realistas dos esmagamentos das pessoas por meios socialmente estreitos e o empreende através de bem construído estilo. Jansen tem sua máxima realização descritivo-analista quando, lúcida e poeticamente, introduz em sua prosa a vida dos camponeses do século passado.
Fonte: “Os Forjadores do Mundo Moderno”, Editora Fulgor, edição 1968, volume 7. 

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