quarta-feira, 4 de outubro de 2017

Grandes vultos: Joaquim Nabuco - Parte 04.


GRANDES VULTOS BRASILEIROS QUE MARCARAM A HISTÓRIA NAS SUAS MAIS DIVERSAS ATIVIDADES

JOAQUIM NABUCO – PARTE 04

Após os acontecimentos de 1893, a revolta da esquadra contra Floriano, os monarquistas remanescentes, os que não haviam aderido à república, foram acusados de ter inspirado o movimento e mesmo de lhe haver prestado apoio. Dizia-se que a revolta tinha por objetivo a restauração da monarquia. Os monarquistas se reuniram por várias vezes para discutir a atitude que iriam tomar. Como na realidade estavam livres de culpa, afastados da política, e nem mesmo pensavam na restauração, decidiram lançar uma espécie de proclamação em que manifestavam sua completa inocência no caso. Nabuco foi encarregado de redigir o documento.

Todavia, na hora de assinar aquela proclamação, não permitiram que Nabuco o assinasse: a assinatura estava reservada “aos grandes” da monarquia, os que haviam ocupado cargos de relevo na administração e na política, ex-ministros e outras, o que muito aborreceu Nabuco. Sua situação não era nada invejável. Suspeito aos republicanos, desprezado pelos seus próprios correligionários, e ainda, empobrecido, pois perdera quase toda a sua fortuna em suas tentativas de estabilizar sua situação financeira, passou vários anos sem se decidir sobre o seu destino. Era sua intenção dedicar-se a algum negócio, talvez voltar à lavoura que tinha sido a base econômica de sua família. Amigos lhe sugeriram que se dedicasse à plantação de café que estava tornando ricos inúmeros fazendeiros. Sonhava ao mesmo tempo em regressar à Europa, onde havia passado anos felizes, mas sua fortuna não lhe permitia esse luxo.

Mas havia uma forte pressão de seus amigos, no sentido de se reconciliar com a república e aceitar um emprego do novo governo republicano. Durante muito tempo recusou, por solidariedade aos seus correligionários e mesmo ao imperador deposto e, além disso, não acreditava na república.

Mas ao fim de algum tempo não resistiu ao convite que lhe havia sido feito pelo presidente Campos Sales de voltar à diplomacia: seria advogado do Brasil na questão de limites com a Guiana Inglesa.

Assim, após dez anos de afastamento da vida política, decide aceitar o convite, ainda que os seus antigos correligionários “torcessem o nariz” e lhe dessem as costas, como se se tivesse vendido. Foi assim nomeado, em 1900, ministro em Londres, voltando às lides diplomáticas.

Continua

LEONCIO BASBAUM

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